quinta-feira, 15 de maio de 2008

Amanhã de manhã


Eu havia chegado a incrível conclusão de que eu não iria mais usar este espaço para escrever sobre minhas dores, minhas tristezas, para reclamar da minha vida, minhas insatisfações, frustações e coisas do tipo.
Tinha mesmo. Daquelas certezas momentâneas mais concretas que existem.
Mas, resolvi voltar atrás.
E sabe porquê?
Porque escrever sobre felicidade é chato.
Pelo menos pra mim.
Acho que eu as entendo mais as minhas angústias e vice-versa.Eu não sou louca. Até espero que isso mude algum dia.
Acho realmente divertido estar viva, apesar dos pesares.Divertido pela inconstância da emoções, pelas ambigüidades e, principalmente, pela irracionalidade dos acontecimentos. Claro, pelas pessoas também.
Mas não sei escrever sobre este tipo de "graça".
Talvez porque eu acorde todos os dias me sentindo a pessoa mais feliz do mundo.
Eu acordo super bem humorada, apesar do sono, da preguiça, da pressa, de não encontrar as minhas coisas no pequeno espaço desorganizado do meu quarto. Apesar do ônibus, do chefe, e por aí vai.
Eu sou uma pessoa incrivelmente feliz de manhã.
E sou feliz sozinha. Sem trocar uma única palavra. Nem um "Bom dia".
Isso dura algumas horas.
Mas, naturalmente eu também sou uma pessoa caótica. E, sendo assim, tendo ao caos.
É simples.
Mas não é difícil que algo aconteça e me retire do meu estado de felicidade matinal.
Sempre tem alguém magicamente capaz de me tirar (a tapas, gritos e sacudidas) do meu alto grau de felicidade.
Pronto. A partir daí eu me transformo em um pessoa estressada, insegura, tensa e reclamona.
Reclamo para mim mesma e aqui, que fique bem claro.
Por fora faço "cara de paisagem", conto até 10, 100, 1000, etc.
Aliás, não raramente passo o dia contando as horas e esperando pela manhã seguinte.
E eu me acostumo.
Concordo com Fernanda Young quando ela diz que,

"É preciso ter tristeza. Tristeza não é ruim.

Quase todo mundo só quer escutar musiquinhas alegres, ir dançar em lugares barulhentos, ficar falando o tempo inteiro. Porque eles tem medo da tristeza.

Mas não é a tristeza que mata."

E não é mesmo.

O contrário, então. Seria a felicidade.
Não. Não mesmo.
O que mata são as pessoas. É o fluxo. A rotina. O ser humano incoerente que não aceita o que é, de onde vem e do que precisa.
Somos nós que nos matamos.
A trizteza não.
Descarte.