quinta-feira, 13 de março de 2008

Eu tenho raiva!


Sim, eu tenho você tem, aquele cara da esquina tem e até aquela beata entrando neste instante na igreja tem. Todo mundo tem. Não adianta mentir.
A gente esconde, finge, disfarça, mas na verdade morre de raiva de uma série de coisas, pessoas, fatos.
Eu, por exemplo, tenho - ou estou com, na verdade eu acho que tenho mesmo porque tem sido constante - raiva de pessoas que se julgam superiores.
Sabe aquele tipinho que acorda de manhã já se sentindo a última bolacha do pacote.
Bom, cada um que ache de si próprio o que quiser, acho a auto-estima algo pra lá de saudável e até invejável em alguns casos.
Agora, achar que pode dizer o que quiser ou ser incapaz de enxergar seus próprios erros é um pouquinho demais. Não acham?
“Desconfiomêtro”. Alguém pode me dizer quem foi o gênio que inventou essa palavra?
Mandar é fácil. Todo mundo gosta, gostaria ou almeja fazê-lo – nem que seja em seu próprio cachorro. Mas, até pra isso é preciso um certo, digamos, talento.
Se o “ser” não sabe o que fazer com algo que é seu, não sabe cumprir com seus próprios prazos e horários, que culpa tem o resto do mundo?
Uma babá para maiores urgente, por favor! Poupe-me.
Culpar os outros por erros que são seus é nojento.
Esperar que os outros consertem a sua sujeira é deprimente.
Não agradecer sequer depois, então, é desprezível.
E não sentir raiva é impossível, concordam?
Seguindo minha listinha matinal de ódios, eu também odeio o tipinho “capacho”, aquele do “tapinha” nas costas, sabe. Que vivem e tem atitudes ditadas por pura conveniência.
Gente que ri quando quer te matar.
Que fala sem ter nada a dizer e que diz sim para tudo, qualquer coisa, por puro medo.
Tipo perigoso de gente.
Que fala do chefe pelas costas, mas quando o mesmo passa por perto se derrete em elogios.
Que concorda com as coisas mais absurdas por medo de perder o emprego.
E que é incapaz de manifestar sua própria insatisfação preferindo induzí-la ao outro.

Vergonhoso.
Dá pra não sentir raiva?
E de gente que só sabe falar e não sabe ouvir. Que te interrompe quando você está dando a sua opinião.

Aí, o interlocutor invisível surta, grita e ainda é tachado de louco, sem paciência. Ora!
Acontece que a rotina nos cansa.
As mesmas situações todos os dias, o mesmo desespero, a mesma arrogância, a mesma prepotência.
No início você aprende a disfarçar, mas depois de um tempo até o “Bom Dia” sai travado, como que se lutasse para não ser ouvido.
Não que eu queira ser uma pessoa ruim (se é que isso existe). Todos nós temos nossos dois lados, nossas duas vertentes. Eu sei que estou longe de ser uma pessoa perfeita e que deve ter muita gente por aí que tem seus acessos de raiva contra mim. Normal.
Mas isso aqui é um blogger não é? Eu não fiz pra poder falar de economia, política, da guerra no Afeganistão (nada contra quem usa pra isso, cada um com sua temática). Eu fiz pra falar de mim, de tudo que me incomoda, mesmo que seja momentâneo, ou que me amargure sempre. Isso alivia.
Depois eu descarto, fecho a tela e volto pra minha vida normal.
È que estou me permitindo a isso nos últimos tempos.
A sentir raiva e a falar dela.
É um jeito de esbravejar, de agüentar o dia-a-dia e até mesmo de encarar melhor o mundo.
Quer saber? Eu acho que as pessoas seriam menos arrogantes, maliciosas, prepotentes e impacientes se soubessem expressar seus sentimentos de alguma forma ao invés de, em determinado momento, jogá-los na cara de alguém que pouco tem a ver com isso.
Então, vamos sentir raiva, gente! Mas, vamos também aprender a lidar com ela.
Seja a agüentar, a descartar, a modificar, a esclarecer, a reduzi-la.
Mas a lidar com o que é nosso com a gente.
A assumir nossas responsabilidades e os nossos próprios sentimentos, aprender com eles e balanceá-los.
Você com os seus e eu com os meus.
Porque você também tem, ou pensa que não? rs
Agora, se você não tiver eu lamento. Vou sentir raiva de você também.
Descarte.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Esse (a) é você!?


Encontrei esse texto hoje na net e achei perfeito.
Daqueles que você pensa: “Como essa pessoa sabia exatamente o que eu queria dizer? Ou o que eu precisava ouvir?”
Não conheço a autora, Cláudia Banegas, mas com certeza vou procurar mais coisas a seu respeito.
Achei que ela foi atemporal no assunto, que se refere de um modo especial a cada um, mas também a todos nós.
Somos seres humanos, imperfeitos, inconstantes, temos medos, dúvidas, segredos.
E muitas vezes nos culpamos por isso. Ou quase sempre.
Engraçado como somos levados a identificar nossas imperfeições. A todo instante nos deparamos com o “eu” do outro, quase sempre melhor do que o nosso. Ou do que deveríamos ser.
É difícil aceitar-se. Acordar, olhar-se no espelho e enxergar quem você é de verdade, sem traumas, sem neuras, com tudo o que você realmente tem.
Por outro lado é difícil chegar a esse ponto. Afinal, estamos sempre nos conhecendo e nos surpreendendo com nossas próprias atitudes e conceitos.
Talvez seja essa a batalha a qual a autora se refere. Uma batalha de conhecimento e aceitação de si mesmo e de nossas mutações ao longo da vida.
Sabe aquela história de que "se você não se amar ninguém mais será capaz de fazê-lo"? Acho que é mais ou menos por aí.
Esse é um daqueles textos que nos deixa pensativos.
Eu, particularmente, adoro quando isso acontece.
Fica um pontinho martelando na cabeça, uma dúvida... várias, na verdade.
E o melhor é que é um texto esperançoso, que faz você acreditar em você, mesmo com todos seus males e todas suas verdades.
Uma grata surpresa para mim, eu diria, nesta quarta-feira chata, chuvosa, com o sol lutando pra sair lá fora e eu lutando para trabalhar aqui dentro, para me concentrar nas mil e uma coisas que tenho que fazer.
Mas tá aí, essa sou eu: preguiçosa, chata, complicada, crítica, besta, infantil, volúvel, porém 50% satisfeita comigo. Os outros 50%? Ah, os outros 50% depois desse desabafo estão quase satisfeitos, ou pelo menos conformados.
Descartem, ok!

Segue aí o tal texto:

“O maior desafio para nós, como seres humanos, é enfrentarmos a nós mesmos, todos os dias, descobrindo como e quem realmente somos.Como ninguém é perfeito, entendemos que somos falhos. Percebemos que a perfeição em si mesma, é um alvo inatingível, tendo em vista nossa limitação.A natureza humana é realmente bem complicada...Todos nós, no mais profundo do ser, temos pensamentos ocultos. Os cultivamos à nossa maneira esquisita e aliviados ficamos, porque ninguém fica sabendo.Somos afetados, ao longo da vida, por todas as experiências que vivenciamos, que se tornam então, nossa bagagem emocional.Os consultórios estão sempre abarrotados de gente que não consegue lidar com o fato de que são...gente! Por isso, adoecem, no corpo e na alma.O espírito, agita-se como as ondas do mar em dia de vendaval.Poucos agüentam a pressão.Conflitos brotam no meio dos relacionamentos, nas mais diversas áreas. Notamos que o comportamento das pessoas é proporcional ao sistema que o mundo impõe.O homem livre trabalha em regime de servidão.Os carrascos e algozes são muitos e têm diversos nomes.A consciência, às vezes, se embota, e o que parecia errado agora é o certo e o que era certo, agora parece errado.Quais são as perspectivas da Humanidade, então? Que coerência têm os discursos atuais?A natureza está com dores de parto: enchentes, terremotos, seca, calor excessivo, fome...nosso amanhã está em jogo e o jogo continua.Tantos sonhos são desfeitos, mas ainda nos resta uma esperança: podemos acreditar no nosso próprio potencial, como raça humana e seguir em frente, esperando os dias melhores que virão."


(Cláudia Banegas)

Sábia essa Cláudia, não?

terça-feira, 11 de março de 2008

Ordinária X Extraordinária


A vida é um jogo de sorte e azar.
Eu estava pensando sobre isso ontem, enquanto confabulava sobre a minha própria.
Mas acho que a vida também é um jogo de aceitação e rebeldia contra seu próprio destino, contra o que você acredita estar nas mãos dele, como o seu emprego, aquela viagem, aquele amor, aquela briga, ou aquela loucura. O “basta” definitivo.

Teve aquele filme nacional... Nina... e a primeira cena onde a protagonista faz uma reflexão sobre seu próprio destino, inspirada no livro “Crime e Castigo” de Dostoievski.

“Eu tenho uma teoria. Os indivíduos se dividem em duas categorias: os ordinários e os extraordinários. Os ordinários são pessoas corretas que vivem na obediência e gostam de ser obedientes. Já os extraordinários são as pessoas que criam alguma coisa nova, todos os que infringem a velha lei, os destruidores. Os primeiros conservam o mundo como ele é. Os outros, movem o mundo para um objetivo, mesmo que para isso tenham que cometer um crime".

Perfeito isso! Não que eu queira cometer um crime.
Mas, há sempre um momento específico para mudanças, para “infringir a velha lei”.
A questão é identificá-lo e ter ousadia o suficiente para ir ao seu encontro.
Eu admiro os “extraordinários”, apesar de viver, quase sempre, momentos mais “ordinários”.
E não adianta culpar a sociedade, o capitalismo, o consumo, a mídia ou o aquecimento global.
Cada um é ordinário por si só.
Como no título do também longa nacional “A pessoa é para o que nasce”, exceto os ordinários, claro.
Tenho esse cartaz em meu quarto e todos os dias eu olho para ele e penso:
“E aí, Priscila... vai ser assim mesmo? Pro que você nasceu? Ou para o que você acha que nasceu? Vai aceitar assim, fácil? Passivamente?”.
E todos os dias também eu me respondo: “Claro que não, a mudança começa agora!”.

Bom, ainda não começou. Mas como em todos os outros dias... Pode ser que seja hoje!
Extraordinária!

segunda-feira, 10 de março de 2008

O que não foi


Foi uma morte lenta, dia-a-dia, minuto-a-minuto.
Daquelas que parece não acabar nunca.
Sofrida.
Foi uma morte penosa, como só uma morte deve ser.
Teve o luto.
Teve choro.
eve a raiva de ter sido.
piedade de quem fica.
A súplica.
Dor.
Os dias que se passaram, contra a dor que não passava e a vontade de voltar.
O não poder. A diferença entre querer e precisar.
Mas toda dor é assim, a gente sente, ressente, expele e depois esconde.
E se acostuma.
Você a pede em companhia e faz parte dela.
Duas damas tristes, pesadas e inconseqüentes.
Por tempos. Mas, assim como o amor, já citado por Vinícius de Moraes, em seu famoso “Que seja eterno enquanto dure”. E essas dores vêm e vão.
É que a gente se acostuma à falta.
E depois a gente nem entende porque que sofreu tanto.
Coração bobo, que enxerga o que não viu, que escuta o que não foi dito, que sente o que não foi.
Engana.
A questão é que ninguém perde algo que nunca teve. Que nunca foi seu e que nunca lhe teve.
Então não há morte para um amor que não existiu.
O que há são outros nomes.
Definições. Erros.
E não pode haver dor pela dor do outro.
Deixe que venha, então, o alívio.
Um pré-suspiro pra felicidade.
Um minuto pra chegada do novo...

domingo, 9 de março de 2008

Eu também vou pro paredão!


O Marcelo deve ou não sair do BBB?
Por que diabos aquela Tatiane (ou Tatiana... faz diferença?) chora e berra tanto e ao mesmo tempo.
Quem está jogando ou sendo verdadeiro lá dentro?
...
Tudo bem que o programa é um jogo mesmo (quer você se engane ou não), que a besteira toda vale 1 milhão de reais (Ahh??), que assistir ao reality é perder preciosos minutos que poderiam ser gastos em coisas mais interessantes (como dormir, pensar na vida, xingar o ex...), que discutir sobre isso se não é banal é no mínimo idiota e que, claro, a grande maioria de nós perde sim os precioso minutos e, o pior, ainda se pega com uma raiva avassaladora de algum dos participantes nojentos - que se não sair de lá milionário vai estampar a bunda em alguma capa de revista e ficar trezentas vezes mais rico do que ficaríamos algum dia. Rá!
...
Ok, se não quer assistir o programa, não assista. Tem coisas menos desinteressantes passando em algum outro canal, no mesmo horário.
Se não quiser ligar televisão, não ligue. Você pode seguir aquela antiga regra de ler um livro, ou simplesmente pode ficar na sua, no escuro, se sentindo um ET porque não faz idéia do “paredão” da vez.
...
Mas, a questão pra mim (que confesso assistir o programa algumas vezes durante a semana e ter vontade de dizer poucas e boas para o tal Marcelo, mesmo ele não fazendo idéia de quem eu seja) é porque perdemos tanto tempo julgando o outro, criando rótulos, nos prendendo a mesquinharias e fingindo fazer parte de algo que nem nós mesmos sabemos o que é?
A gente acorda e vai dormir todos os dias fingindo ser algo que criamos, ou que criaram pra gente, para sobreviver nesse mundo maluco e conseguir ser inserido em qualquer espaço. Algunzinho que seja. (sim, eu me repito, mas isso me ajuda...)
E se você acha que escapa à minha fantástica teoria, que é uma pessoa verdadeira, fiel aos seus próprios princípios (páraaaaaa!!!), a única coisa que eu teria a lhe dizer seria algo como: “Desce daí, Alice!”. Já que, o “País das Maravilhas” é coisa da Disney, a Disney é coisa da sua infância e essa, meu caro ou minha cara, eu sinto muito, mas já se foi há tempos. Sorry.
Afinal, quer coisa mais contraditória do que nós, minha gente!?
Quer algo mais cheio de segredos, defeitos, maldades e estranhezas do que nós? Humanos?
É que olhar pro próprio umbigo é chato, amargurado e às vezes até violento.
A grama do vizinho é mais divertida, principalmente se estiver cheia de pragas, ou prestes a ser exterminada, ou algo do tipo
....
Eu comecei o texto querendo falar sobre algo que eu já nem me lembro mais e estou terminando falando sobre algo que nem eu mesma entendo.
Até porque, além de querer matar o Marcelo mais do que ao gerente do meu banco, eu também acho muiiito mais legal ver a casa do vizinho pegando fogo e ir dormir fingindo que o meu jardim é o mais florido do planeta, mesmo acordando sem ver nem uma florzinha que seja brotando dele (metáforas á parte nem jardim ou jeito com plantas eu tenho).
Matem-me se quiserem. Mas, essa pessoa que vos fala tem sim um lado perverso, cansado de ironias, de teatros, de falas prontas, de ideais corretos e incorretos também, de padrões de comportamento, rotina e vida de sucesso.
Sendo assim, eu vou terminar de escrever por aqui, porque como em todas as vezes que eu tento fazer isso pra me livrar de algo que está me incomodando muito, eu acabo descartando tudo o que eu disse no final, pelo simples fato de que, se tem alguém que faz tudo errado, que “mete os pés pelas mãos”, que deveria ir pro inferno e ser expulsa do planeta por não se encaixar em nada, por não chegar à maturidade ou atingir objetivos (ou sequer tê-los... wathever), esse alguém sou eu.
Votem em mim, então.
É liberado.